O Megafone do Pacheco

Um mundo visto por um adolescente.

Sunday, April 29, 2007

59ª Divulgação - Má Fortuna.

Sou um indíviduo sortudo, tenho-lo sabido. Não a todos os níveis, mas em grande parte sou uma pessoa sortuda, eu diria dotado de uma fortuna irritante. Será exemplo disso mesmo o facto de eu raramente perder no "pedra, papel, tesoura", ou mesmo em jogos deciditórios como esse.

Mas claro, como em todos os casos temos ainda o verso da moeda. Se considerarmos que cara é o lado da sorte, esta 6ª passada foi claramente um dia de coroa.

Habituado à minha normal e inata dita, acordei cedo, mas não o suficiente para comprar o que pretendia, que teria esgotado cerca de uma hora antes.

Chateado e obviamente triste regressava a casa quando recebo um telefonema de um número desconhecido, a informar-me de que determinado assunto que tinha marcado para o início da tarde teria de ser cancelado, o que me deixou não só chateado e triste, como me deixou irritado.

Mais tarde, perante uma disputa futebolística, consegui não acrescentar nada à equipa, levando-me ainda a um certo desespero, além das já mencionadas "chateado, triste e irritado".

Visto que isto tudo se passou e ainda a tarde ia a meio, expliquem-me :

O que me levou a pensar que a noite iria correr bem?

Com os maiores cumprimentos, Pacheco.

Friday, April 20, 2007

58ª Divulgação - "Novas Oportunidades"

Campanhas são como os chapéus. Há muitos. Umas mais inteligentes que outras, umas mais pensadas que outras e há umas que são simplesmente descabidas, inoportunas e irritantemente demagogas.

A nova campanha com o título de "Novas Oportunidades" é uma dessas, na minha opinião. Com certeza já viram aí cartazes espalhados pela rua com fotografias ora da Maria Gambina, ora do Carlos Queirós, ora do Pedro Abrunhosa, onde aparece uma espécie de superioridade implícita perante trabalhos como o de tratador de relva, ou empregado numa sala de espectáculos, sendo a pièce de resistance a frase "Se eu ao menos tivesse continuado os estudos" como se isso fosse uma decisão que apenas depende de um sim ou de um não.

Eu tenho o exemplo da minha antiga empregada doméstica, grande amiga de família que curiosamente não foi além do 4º ano por falta de verbas para pagar os estudos.

Ela não teve o direito de escolher, porque a escolha já estava feita. "Aprender compensa" de facto caríssimo Governo, mas não está ao alcance de todos.

A campanha prima apenas por vir numa boa altura, pois pode ser que o Primeiro Ministro, José Sócrates, aproveite a leva e lhe dêem a sua Nova Oportunidade, afinal, todos a merecem.

Com os maiores cumprimentos, Pacheco.

Sunday, April 15, 2007

57ª Divulgação - Com ou sem picante?

Recorrendo ainda ao tema da gastronomia, é recorrente às refeições termos ao lado do prato a pimenta, o sal, azeite, vinagre e ainda o picante.

Nisto, seja o prato qual ele for, existem pessoas que quase inatamente pegam no último e regam o prato com esse tempero que sinceramente me faz alguma confusão.

Normalmente, quanto mais potente for, melhor, ou seja, quanto mais dormente a língua ficar, quanto mais sôfrega for a reacção da pessoa quando à procura de algo que acalme o ardor que se cria, melhor.

Mas não vejo nisto, onde fica o prazer da pessoa que come o picante. Eu, pessoalmente, acho o picante simplesmente estúpido : Não tem sabor, dá-me desconforto, e alguém me consegue explicar o prazer que uma pessoa pode ter ao ficar com a língua dormente, com a boca aberta e a babar-se para cima da mesa de jantar, por ter comido algo tão forte que parece que acabou de levar uma anestesia?

Nisto, voltando à pergunta do título, quando se me é posta a pergunta "Com ou sem picante?" eu gentilmente recuso e digo

- "Sem picante"

Com os maiores cumprimentos, Pacheco

Tuesday, April 10, 2007

56ª Divulgação - A "melhor parte"

Desde benjamim que tenho as minhas esquisitices quando toca à alimentação e desde sempre que me fazem olhares de espanto quando explico os meus disssabores (entenda-se as confecções que não me agradam). Normalmente seguido do espanto, vem o sentimento de pena, com o devido “Lastimo imenso” quando tomam conhecimento da minha não apreciação de doces, gelado ou mesmo chocolate : “Mais sobra” também é bastante comum ou ainda “Não sabes o que perdes” ao que eu costumo responder “Por mero acaso, sei” .

Nisto, existem, ainda (e felizmente), alguns pratos que me elevam e alimentam o ser, do mais corriqueiro bitoque, à mais vulgar pizza, ao mais trabalhado Cozido à Portuguesa.

E tão bem me sabem esses mesmos pratos quando bem temperados, mas continuo sem perceber uma coisa. A questão da “melhor parte”.

Não sei se é comum ou não nas vossas familias, mas a minha mãe e respectiva ascendência têm sempre na ponta da língua a frase “Então não comes isso? Mas isso é a melhor parte!”.

É eu estar a comer uma apetitosa pizza, e não me apetecer o pão à volta e levar com a mítica frase. Ou comer uma perna de frango, e não comer a carne que está alapada aos ossos, e levar mais uma vez com a tal sentença. Ou ainda o estar a comer uma salada pré-feita do Lidl, em que consta a bela da rúcola de sabor inconfundivelmente amargo, planta essa que eu invariavelmente deixo de lado, claro, para receber o agradável comentário.

Não só o conceito de pizza é todo posto em causa, visto que afinal a melhor parte não são os ingredientes no meio, mas sim o pão, como o frango é reduzido ao seu esqueleto e pior, a alface é completamente espezinhada e ultrapassada por essa tal de rúcola.

Caso isto não seja comum na vossa família, e sem grandes perguntas, adoptem-me.
Queria, se desse claro, comer em paz.

Com os maiores cumprimentos, Pacheco