69ª Divulgação - O Meu Pai (III)

Dia de sol no Cabedelo é dia de praia para o meu Pai. Aliás, dia de nuvens no Cabedelo, é dia de praia para o meu Pai. Para vos situar, o Cabedelo é uma terra costeira, de onde se atravessa a ponte para Viana do Castelo. É lá que temos as raízes e é lá que passamos férias em família, portanto.
Sendo esta aldeia(chamo-lhe aldeia por ser pequena) costeira e sendo o meu Pai um "praiense" da velha guarda, não seria de esperar outra coisa.

Curiosamente, eu raramente o sigo. Foi rara a vez, desde que fiz os meus 17 anos, que segui o resto da famelga para a praia que jaz a 100 metros de distância da casa.

Há um pequeno pormenor nesta praia. Tem muito turista. Muitos turistas viajam milhares de km's para virem a esta praia, e isso chateia-me. Não os turistas, mas a razão. A praia do Cabedelo é conhecida em toda a Europa como uma das melhores praias para windsurf e kitesurf. Para isso e para apanhar uma hipotermia.

Parece-me então, bastante natural que eu prefira ver o programa da Júlia Pinheiro, sem som, a ser molestado por uma tempestade de areia provocada pelos famosos ventos de Norte.
No entanto, o meu Pai, não obstante vendavais ou pistas de gelo, aproveita sempre a sua tarde no meio do tornado, refrescando-se várias vezes ao longo da tarde, sendo a pièce de resistance a frase proferida ao final do dia "Que dia de praia fantástico. Vento pa caraças, a água gelada como' raio, o sol nem vê-lo, mas 'tava-se muita bem!"

Leva-me a crer que algo entre Carcavelos e a Caparica num dia primaveril, seria um pedacinho de céu na vida deste meu Pai. Um dia destes levo-o ao Havai.

Com os maiores cumprimentos, Pacheco.